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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Corpus Christi


A história da festa de Corpus Christi, escrita por Aloísio Parreiras

No decorrer de sua história, a nossa Mãe Igreja enfrentou inúmeras heresias. Temos conhecimento de que as primeiras grandes controvérsias teológicas que precisaram ser resolvidas em meio aos concílios ecumênicos versaram sobre a Santíssima Trindade, no primeiro e no segundo Concílios Ecumênicos; sobre o mistério da Encarnação, no terceiro, quarto, quinto e sexto Concílios Ecumênicos; e o problema das imagens, no sétimo Concílio Ecumênico.
Por mais de dez séculos, não ocorreram heresias em relação ao sacramento da Eucaristia. Mas, no início do 2º milênio, essas heresias começaram a surgir. Nesse contexto, as declarações do Magistério da Igreja em relação à Eucaristia começaram a aparecer no 2º milênio, primeiro, durante a Idade Média, em relação à presença real de Cristo na Eucaristia, e, depois, no final da Renascença, durante a Contra-Reforma, sobre a natureza sacrificial da Santa Missa. Em meio a todo esse contexto, a Igreja definiu a Solenidade de Corpus Christi.
No século XI, surgiu a heresia de Berengário de Tours que negava a presença de Cristo na Eucaristia. Berengário “foi quem primeiro se atreveu a negar a conversão eucarística; a Igreja condenou-o porque nunca quis se retratar. Gregório VII obrigou-o a prestar um juramento nestes termos: ‘Creio de coração e confesso de palavra que o pão e o vinho, colocados sobre o altar, se convertem substancialmente, pelo mistério da oração sagrada e das palavras do nosso Redentor, na verdadeira, própria e vivificante Carne e no Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo; e que, depois de consagrados, são o verdadeiro Corpo de Cristo, que, nascido da Virgem e oferecido pela salvação do mundo, esteve suspenso na Cruz e agora está sentado à direita do Pai; como também o verdadeiro Sangue de Cristo, que saiu do seu peito. Não está Cristo somente em figura em virtude do Sacramento, mas na sua natureza própria e na sua verdadeira substância”. (Mysterium Fidei, 54). Poucos anos depois, a Igreja enfrentou ainda a heresia dos Valdenses e, em função de tudo isso, em 1215, o Concílio Ecumênico de Latrão utilizava pela primeira vez a palavra “transubstanciação”, afirmando: “O Corpo e o Sangue de Cristo no Sacramento do Altar estão verdadeiramente contidos sob as espécies do pão e do vinho, transubstanciados o pão, no Corpo, e o vinho, no Sangue, pelo poder divino”.
Diante desse panorama de surgimento de heresias que contestavam a Sua presença na Eucaristia, Jesus Cristo se revelou a uma freira de nome Juliana de Mont Cornillon, manifestando-lhe a necessidade de se incluir, nas solenidades do culto oficial da Igreja, uma comemoração especial em honra ao Santíssimo Sacramento. Surgia assim, a Festa de Corpus Christi, que foi celebrada pela primeira vez em Liége, na Bélgica. Corpus Christi, desde o início, é uma festa popular, revestida de inúmeras manifestações de fé, que é refletida nos solenes hinos. “Essa festa, estendida pelo papa Urbano IV, em 1264, a toda a Igreja Latina, constitui, por um lado, uma resposta de fé e de culto às doutrinas heréticas(...) e, por outro lado, foi a coroação de um movimento de grande devoção ao augusto sacramento do altar”. (Diretório, 160).
Juntamente com Corpus Christi, “nasceram igualmente muitas outras instituições de piedade eucarística, que, por inspiração da graça divina, foram sempre em progresso. Com elas se empenha a Igreja Católica, quase à porfia, não sabemos se mais em honrar a Cristo, em lhe dar graças por dádiva tão extraordinária, ou em implorar a sua misericórdia”. (Mysterium Fidei, 65). Hoje, do mesmo modo que há oito séculos, o povo em procissão anuncia publicamente que o sacrifício de Cristo é para a salvação do mundo inteiro. Em procissão, cantamos e rezamos, proclamando junto com Santo Irineu de Leão que “a Presença Eucarística é a síntese de toda a história da Salvação”. Ou ainda: “Deus se fez temporal a fim de que nós homens, seres fugazes, nos tornássemos eternos”. Corpus Christi é de fato um testemunho de piedade eucarística. Corpus Christi é a realização da promessa de Cristo: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí Eu estarei presente no meio deles”. (Mt 18,20). Em procissão, demonstramos a alegria de pertencer ao Corpo Místico de Cristo. Somos um só corpo, com Ele.
Verdadeiramente, a Eucaristia é a suprema oração dos cristãos, a oração das orações e, por isso, “com humilde ufania acompanharemos o Sacramento eucarístico ao longo das ruas da cidade, ao lado dos edifícios, onde o povo vive, se alegra, sofre; no meio dos negócios e escritórios nos quais se desenvolve a atividade cotidiana. Levá-lo-emos ao contato com a nossa vida insidiada por mil perigos, oprimida por preocupações e sofrimentos, submetido ao lento mas inexorável desgaste do tempo”. (Homilia do Papa João Paulo II na Mensagem de Corpus Christi em junho de 2000). Nesse ato público de fé, anunciamos que temos necessidade de participar da Eucaristia para sermos bons trabalhadores, bons estudantes e, principalmente, bons adoradores do único e verdadeiro Deus. Cristo eucarístico nos leva a adquirir a consciência de que “nenhuma comunidade cristã se edifica sem ter a sua raiz e o seu centro na celebração eucarística”. (Ecclesia de Eucharistia, 33)
Corpus Christi é uma demonstração visível da fé que professa que a Eucaristia “é o tesouro da Igreja, o coração do mundo, o penhor da meta pela qual, mesmo inconscientemente, suspira todo o homem”. (Ecclesia de Eucharistia, 59). Em sua penúltima Carta apostólica, o Papa João Paulo II nos diz: “Neste ano, seja vivida com particular fervor a solenidade do Corpus Domini com a tradicional procissão. A fé neste Deus que, tendo encarnado, Se fez nosso companheiro de viagem, seja proclamada por toda a parte particularmente pelas nossas estradas e no meio das nossas casas, como expressão do nosso amor agradecido e fonte inexaurível de bênção”. (Mane Nobiscum Domine, 18). Atendendo ao apelo de João Paulo II, vamos alegremente entoar: “Ao Eterno Pai cantemos e a Jesus, o Salvador. Ao Espírito exaltemos, na Trindade, eterno amor. Ao Deus Uno e Trino demos a alegria do louvor”.
Participar de Corpus Christi é demonstrar que a fé é individual: eu creio. Mas, participar de Corpus Christi é demonstrar também que a fé é comunitária: nós cremos. Cremos que, na Eucaristia, Jesus Cristo se faz presente com Seu Corpo, Seu Sangue, Sua Alma e Sua Divindade. Como é bom poder bradar que “a Eucaristia torna constantemente presente Cristo ressuscitado, que continua a oferecer-se a nós, chamando-nos a participar da mesa do seu Corpo e do seu Sangue. Da comunhão plena com Ele, brotam todos os outros elementos da vida da Igreja, em primeiro lugar, a comunhão entre todos os fiéis, o compromisso de anúncio e testemunho do Evangelho, o fervor da caridade para com todos, especialmente para com os pobres e os pequeninos". (1ª Mensagem de sua Santidade Bento XVI no final da concelebração eucarística com os cardeais eleitores na Capela Sistina em 20 de abril de 2005).
Testemunhando as maravilhas que Deus opera em nós, por meio da Eucaristia, vamos juntos, com entusiasmo e uma enorme satisfação, proclamar que a “Igreja vive da Eucaristia, vive da plenitude desse sacramento”. (Redemptor Hominis, 20). E, não só em Corpus Christi, mas em todos os dias, peçamos com ardor ao Cristo: “Fica conosco, Senhor!” (Lc 24,29).

(fonte:Arquidiocese de Brasília)

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